1) Almir dos Santos Pinto
Almir dos Santos nasceu Pinto em
Lavras da Mangabeira, aos 15 de fevereiro de 1913. Filho de Melquíades Pinto
Nogueira, antigo prefeito municipal de Lavras, e de Isabel dos Santos Pinto.
Na terra natal, fez os estudos
primários, quando frequentou as aulas da Professora Amélia Braga e o Grupo
Escolar local. Vindo para Fortaleza, matriculou-se no Internado São Luiz, no
mesmo fazendo o curso de admissão, em 1926. Em 1929, transferiu-se para o Liceu
do Ceará, terminando naquele estabelecimento de ensino o curso ginasial em seus
dois últimos anos.
Em 4 de fevereiro de 1931, seguiu
para Recife, ali fazendo vestibular para a Faculdade de Medicina, a 5 de abril
do mesmo ano, permanecendo na capital pernambucana até o término do primeiro
ano, quando seguiu para Salvador, ali graduando-se a 5 de dezembro de 1936.
Depois de formado, estabeleceu
clínica em Maranguape, onde chegou a 4 de janeiro de 1937. Por ato do
Governador Menezes Pimentel, em 1940 foi nomeado médico do Instituto Carneiro
de Mendonça, prestando relevantes serviços à causa da delinquência juvenil. Em
1942, após estágio no Serviço de Saúde do Exército, recebeu a patente de
Segundo Tenente Médico da Reserva.
Em Maranguape, tornou-se clínico
conceituado e, por ato do Interventor Andrade Furtado, foi nomeado prefeito
municipal, cargo que ocupou de 19 de fevereiro de 1944 a 19 de novembro de
1945, quando foi demitido por resolução do Interventor Beni de Carvalho.
Voltou ao cargo de prefeito de Maranguape a 5
de maio de 1946, por nomeação do Governador Pedro Firmeza, mantendo-se no mesmo
até 3 de janeiro de 1947, quando requereu afastamento para candidatar-se a
Deputado Estadual, sendo eleito com larga maioria de votos, aos 19 de janeiro
de 1947.
Nas oportunidades em que esteve à frente da
Prefeitura de Maranguape, realizou administração operosa e progressista. Ainda
naquele município, foi diretor da Maternidade Olinto Oliveira e do Instituto
dos Pobres e, em Fortaleza, médico da Associação dos Merceeiros, da qual
recebeu homenagem especial, com a aposição do seu retrato na Galeria de Honra
da entidade, aos 31 de outubro de 1979.
Poeta bissexto e jornalista filiado à Associação Cearense de Imprensa,
em 10 de maio de 1947, por nomeação do Governador interino do Ceará, Joaquim
Bastos Gonçalves, foi feito Secretário de Polícia e Segurança Pública, tendo
exercido igualmente os cargos de Secretário de Saúde, Secretário do Interior e
Justiça e Secretário de Educação e Cultura do mesmo Estado.
Filiado ao Partido Social
Democrático (PSD), foi eleito Deputado à Assembleia Legislativa do Ceará pela
primeira vez em 1947, com mandato até 1950, oportunidade em que foi integrante
das comissões de Saúde Pública e Assistência Social e Segurança Pública.
Reeleito em 1951, ocupou nessa legislatura a primeira secretaria da Assembleia.
De 1955 a 1978 foi eleito, sucessivamente e de
forma ininterrupta, deputado estadual, consagrando-se como o parlamentar de
vida mais longa na história do legislativo cearense. Em 1947 ocupou a terceira
secretaria da Assembleia e, em 1959, a presidência da mesma, voltando ao posto
em 1965. Vitoriosa a Revolução de março de 1964, vinculou-se à Aliança
Renovadora Nacional (ARENA), sendo feito de 1973 a 1974 mais uma vez presidente
da Assembleia e, de 1971 a 1974, Presidente Regional da Arena.
Membro do Conselho Regional de
Medicina, do qual foi presidente, em 1973 e 1974 foi escolhido pela crônica
política o Melhor Deputado do Ano. Em 1978 foi feito Primeiro Suplente de
Senador, sendo que, já em começos de 1979, foi empossado no cargo de Senador da
República, tendo no Congresso Nacional atuação destacada.
No Senado integrou as comissões
de Relações Exteriores e de Saúde e, como suplente, as comissões de
Constituição e Justiça e de Assuntos Regionais. Na Assembleia Legislativa do
Ceará foi Presidente da Comissão de Constituição e Justiça e de Educação, bem
como da CPI do Contrabando no Estado do Ceará. Na condição de Presidente da
Assembleia Legislativa, assumiu o Governo do Estado em dezessete oportunidades.
Membro da Academia Brasileira de
Medicina Militar, Almir Pinto esteve presente ao Seminário realizado por essa academia,
sob os auspícios da Faculdade de Medicina da Universidade de OSAKA – Japão.
Como Deputado Estadual participou da Delegação Brasileira aos Congressos
Mundiais de Municípios, realizados em Bangkok e Washington, tendo presidido a
Delegação Brasileira que participou do Seminário de Demografia e
Bioestatística, realizado em San Juan Del Puerto Rico.
Entre os seus livros publicados,
enumeram-se: Como Sobrevivem os
Municípios Brasileiros (1979), Discursos/79(1980),
Discursos/80 (1981), Pronunciamentos do Ano de 1981 (1982) e O Parlamento em Versos (1984), este
último com prefácio do Senador Luiz Viana Filho, que o qualificou de “trabalho
original, possivelmente sem precedentes na história dos Parlamentos, e que
representa singular depoimento para a posteridade”. Faleceu em Fortaleza, aos
19 de novembro de 1991.
2) João Clímaco Bezerra
Nasceu João Clímaco Bezerra em
Lavras da Mangabeira, aos 30 de março de 1913. Filho de Raimundo Nonato Bezerra
e de Maria da Costa Bezerra. As
primeiras letras aprendeu-as na terra natal e as tomou no velho Grupo
Escolar com as professoras Amélia Braga e Rosária Mota.
Em Lavras, trabalhou no comércio
local, para depois transferir-se para Fortaleza, onde estudou nos Colégios São
João e Liceu do Ceará, do qual saiu para matricular-se, por concurso
vestibular, na Faculdade de Direito da Universidade Federal do Ceará,
bacharelando-se em 1950.
Pela Escola de Comércio Padre
Champagnat, diplomou-se contador, ali iniciando a sua carreira de professor.
Exerceu também o magistério no Instituto de Educação Justiniano de Serpa, na
Faculdade de Filosofia, na Faculdade de Ciências Econômicas e Administrativas
da Universidade Federal do Ceará, e na Escola de Administração do Ceará.
Ocupou cargos importantes na vida
pública do Ceará e do Brasil, tais os de diretor técnico de educação da
Secretaria de Educação do Ceará, o de chefe de relações públicas do Banco do
Nordeste e o de assessor técnico da Confederação Nacional da Indústria, no Rio
de Janeiro, para onde se transferiu.
Estreou em 1948 com o romance Não Há Estrelas no Céu, bastante
elogiado pela crítica e com ele incorporando-se aos escritores tidos como
criadores do romance cearense, deixando nesse livro marcas indeléveis da infância.
Em 1952, apareceu o seu segundo
romance – Sol Posto que, assim como o
primeiro, foi publicado pela Editora José Olympio, do Rio de Janeiro. Também de
1952 é a novela Longa é a Noite, cuja
terceira edição é de 2007.
É autor de dois livros de crônicas: O
Homem e Seu Cachorro (1960) e O
Semeador de Ausências (1967), e para a coleção nossos clássicos da Editora
AGIR, João Clímaco Bezerra escreveu os ensaios sobre Juvenal Galeno e Humberto
de Campos.
De 1980 é o romance A Vinha dos Esquecidos. Mas um dos livros de maior relevo, a longa
ficção – Os Órfãos de Deus –, ainda permanece
inédito, desafiando a expectativa de seus inumeráveis leitores.
Como jornalista, João Clímaco foi por longo
tempo editorialista do jornal Unitário,
em que manteve diariamente uma coluna de crônicas, praticando também a crítica
literária e o ensaio com muito sucesso.
Romancista consagrado pela
crítica nacional. Cronista, novelista, ensaísta, foi membro da Academia
Cearense de Letras, onde ocupou a cadeira nº 9, que tem como patrono Fausto
Barreto, tendo falecido no Rio de Janeiro, aos 4 de fevereiro de 2006.
3) João Gonçalves de Souza
Filho de Joaquim Gonçalves de Souza
e de Joana Duarte Passos, João Gonçalves de Souza nasceu no distrito de São
José, município de Lavras da Mangabeira, aos 20 de agosto de 1913.
As primeiras, letras aprendeu-as
na terra natal e prosseguiu os estudos no Ginásio do Crato. Quando ginasiano,
mais por questão de sobrevivência do que de vontade, teve que abandonar os
estudos por algum tempo e trabalhar como apontador de estrada de rodagem.
Concluindo a escolaridade média com
sacrifício, rumou para Salvador e de lá para o Rio de Janeiro, a bordo de um
navio, com uma passagem de segunda classe, concedia pelo então Governador
Bahia, Juraci Magalhães.
Em chegando ao Rio, a primeira oportunidade de
emprego que lhe apareceu foi a de sacristão, que aceitou sem relutância.
Progredindo assustadoramente, em 1935 matriculava-se na Escola Nacional de
Agronomia, para sair Engenheiro-Agrônomo em 1939. Paralelamente, de 1935 a
1940, cursou a Faculdade Nacional de Direito da Universidade do Brasil, pela
qual saiu Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais.
Posteriormente, fez-se Mestre em Sociologia Rural, pela Wisconsin
University, localizada em Madison, nos Estados Unidos, de 1944 a 1946, com a
defesa da tese – The Regional Aproach in
Exploring the North Section on Brazil. Fez também estudos de doutoramento
com vistas a PHD (Sociologia Comparada, Economia Agrícola e Problemas
Demográficos) na American University, em Washington (D.C.), e na Maryland
University, de 1957 a 1958.
João Gonçalves de Sousa foi Assessor Técnico do Ministério da
Agricultura em problemas de economia rural, de 1940 a 1953; e, como integrante
do quadro de técnicos desse Ministério, fez o estudo preliminar dos municípios
sob a influência de Cachoeira de Paulo Afonso, como base para a criação da
Companhia Hidrelétrica do São Francisco (CHESF), publicando monografia sobre o
assunto, em 1946.
Secretário executivo, por cinco anos, da
Comissão Nacional de Política Agrária, João Gonçalves de Sousa elaborou, no
Brasil, os primeiros estudos com vistas aos problemas de terra e reforma
agrária, na gestão do Ministro João Cleofas de Oliveira, de 1950 a 1954.
Por
concurso, fez-se Livre Docente de Economia e Sociologia Rural da Universidade
Rural do Brasil (1957). Responsável pela criação do Serviço Social Rural, que
funcionou entre 1955 e 1956, João Gonçalves de Sousa foi o primeiro presidente
do Instituto Nacional de Imigração e Colonização (INIC), e primeiro diretor
executivo da Associação Brasileira de Crédito e Assistência Rural (ABCAR), ambos
com sede no Rio de Janeiro e filiais em todos os Estados do Brasil.
Foi também dirigente de vários seminários promovidos pela Organização
das Nações Unidas (ONU) no Brasil Latino-Americano de Bem-Estar Social, no Rio
de Janeiro, e diretor do Seminário Latino-Americano sobre Problemas da Terra,
realizado em Campinas-SP.
Representante do Brasil, por vários anos, junto ao Conselho da FAO, em
Roma, e Chefe da Delegação Brasileira em diversas conferências internacionais
de problemas econômicos, sociais e rurais, dentro e fora do continente
americano (FAO, OIT, etc.).
Foi delegado permanente do Brasil
junto ao Comitê Intergovernamental Para as Migrações Europeias; Diretor
interino do Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais da União
Pan-Americana, de setembro de 1960 a janeiro de 1961; diretor do Departamento
de Cooperação Técnica da União Pan-Americana, de 1956 a 1964; subchefe da
Delegação do Brasil na II Conferência Extraordinária Latino-Americana da
Organização dos Estados Americanos (OEA), em Buenos Aires, em 1967.
Em várias oportunidades, foi encarregado da Subsecretaria para Assuntos
Econômicos e Sociais da Organização dos Estados Americanos, e assim também
Subsecretário de Cooperação Técnica da Organização dos Estados Americanos, por
nomeação de 30 de outubro de 1970, tendo sido Assessor do IV Período da
Assembleia Geral da OEA, realizada em Atlanta, nos Estados Unidos, de 19 de
abril a 1º de maio de 1974.
Ocupou o cargo de Presidente da Associação Latino-Americana de
Sociologia Rural; foi Superintendente da SUDENE, de agosto de 1964 a junho de
1966; Ministro do Interior, de junho de 1966 a março de 1967; e Subsecretário
da Organização dos Estados Americanos.
Devotado
aos problemas que sempre afligiram o Nordeste, sobre o mesmo escreveu os
seguintes livros: The Regional Aproach in
Exploring the Northeas Astern Section of Brazil – tese de doutoramento (Estados
Unidos, 1956), Migrações Nordestinas – um
Capítulo das Migrações Internas do Brasil (Rio, 1957), Algumas Experiências Extracontinentais de Reforma Agrária (Rio,
1963) e Nordeste Brasileiro: Uma
Experiência de Desenvolvimento Regional (Fortaleza, Banco do Nordeste,
1979), representando este último um dos mais sérios estudos já escritos sobre a
realidade nordestina.
Vítima de aneurisma, João Gonçalves de Sousa faleceu no Rio de Janeiro, aos
16 de janeiro de 1979, sendo sepultado no Cemitério São João Batista daquela
cidade. Na época, ocupava o cargo de Membro do Conselho de Administração do
Banco do Nordeste, como representante dos acionistas minoritários.
4) Prisco Bezerra
Filho de José Alves Bezerra e
Maria Augusto Bezerra, Prisco Bezerra nasceu em Lavras da Mangabeira, aos 27 de
novembro de 1913, como descendente de duas das principais famílias daquele
município.
Estudando as primeiras letras na
terra natal, transferiu-se para Fortaleza, aqui concluindo os estudos
secundários e matriculando-se na Escola de Agronomia do Ceará, por onde se
graduou Engenheiro Agrônomo, em 1935, como integrante de uma turma de 14
doutorandos, da qual, além de seu nome, destacaram-se os de Torres Câmara e
Natanael Cortez.
Depois de formado, integrou-se ao
corpo docente da citada Escola de Agronomia, primeiramente como professor
assistente do Departamento de Fitotécnia, por ato de 27 de maio de 1936, e
depois como professor Catedrático da mesma disciplina, a partir de 19 de junho
de 1953.
Na mesma instituição superior de
ensino, foi chefe do Departamento de Botânica Agrícola, compreendendo as áreas
de anatomia, fisiologia e sistemática, sendo ali professor de Fitopatologia e
Microbiologia Agrícola, a partir de 1939, desempenhando, da mesma forma, as
funções de professor Catedrático de Botânica Agrícola, do Departamento de
Botânica.
Exerceu, por igual, na Universidade Federal do
Ceará, os cargos de Vice-Reitor de Planejamento e Finanças e Diretor da Escola
de Agronomia, hoje Centro de Ciências Agrárias, este último, por mais de vinte
anos, de março de 1946 a setembro de 1950 e de fevereiro de 1951 a agosto de
1967.
À Escola de Agronomia do Ceará
deu notável desenvolvimento, emprestando crescimento, por igual, às ciências
agrárias cearenses, quer nas lides do magistério superior, quer como cientista
dos mais conceituados, sendo extensa, nessa área, a sua produção cultural e
científica, espraiada em livros, opúsculos, teses acadêmicas e artigos
publicados em revistas científicas, nacionais e internacionais.
Na gestão da pesquisa científica e no trato das ciências agrárias,
revelou-se um batalhador incansável. E em prol da melhoria das condições de
ensino e pesquisa, deu o máximo do seu esforço, partilhando com os seus alunos
a sua experiência e a sua dedicação à causa que abraçou.
A partir de 1975, passou a ocupar o cargo de Professor Titular do
Departamento de Biologia do Centro de Ciências da Saúde, continuando,
entretanto, como diretor agregado da Escola de Agronomia, acumulando esses
encargos com os de Professor Titular de Sistemática Vegetal e Diretor do
Departamento de Virologia.
Durante a sua carreira no magistério, realizou várias viagens ao
exterior, notadamente ao México, Porto Rico e Estados Unidos, onde defendeu a
maioria de suas teses acadêmicas. Como membro de várias associações e
instituições científicas, nacionais e internacionais, o professor Prisco
Bezerra faleceu em Fortaleza, aos 8 de janeiro de 1985.