Quero
ir a minha terra
Para
ver se dou um jeito
Na
saudade que faz guerra
Toda
hora no meu peito
Lá, de casa pouco existe
Só
o vento embala triste
Os
matos de ramos tortos
Porque
com a morte injusta
Um
lar que foi belo assusta
Depois
dos seus donos mortos.
Vou
ver se ainda soam uivos
Dos
cães sobre os alabastros
Bois
brancos e poltros ruivos
Se
lá inda deixam rastros
Quero
ouvir os inhambus
Lá
por trás dos mundurus
Cantam
com a mesma arrogância
Se
o patativa cantar
Vai
ser como eu escutar
A
canção da minha infância.
Quero
brincar no açude
Para
aumentar a lembrança
Da
época de mais virtude
O
meu tempo de criança
Ouvir
as graúnas negras
Ágeis
como as toltinegras
Nas
frondes das laranjeiras
E
o vento com absurdos
Passar
fazendo chafurdos
Nas
folhas das bananeiras.
Quero
rever a cabana
Da
primitiva fazenda
E
beber caldo de cana
De
canas espremidas
Ver
os meninos em gritos
Brincando
com os cabritos
Correndo
em redor das casas
E
o peru incomodado
Riscando
o chão enfezado
Com
as pontas finas das asas.
Sentar-me
onde Pai contava
Glórias,
revoltas e queixas
E
mãezinha massageava
Suas
grisalhas madeixas
Quero
num olhar profundo
Fitar
o pedaço do mundo
Que
deixei na juventude
E
dizer tremendo a chorar:
Fui
por não puder ficar,
Não
voltei porque não pude.