Há quase um século de sua morte, Dona Fideralina Augusto
ressuscita o mito para tornar sua história uma realidade. Enterrada nas cinzas
do tempo pelos vassalos do seu feudo, Lavras da Mangabeira, ela não sossegou e
nem deixou o nosso arqueólogo lavrense, Dimas Macedo dormir em paz, foram
longos trinta anos de investidas, aparições e noites mal dormidas.
Aos poucos e cuidadosamente, nosso historiador, foi
catalogando documentos, gravando e apontando depoimentos, visitando parentes,
visitando biblioteca e arquivos, além de solicitar a colaboração dos amigos.
Aos poucos surgiam documentos, retratos e informações que
montando o quebra cabeça das muitas peças de sua longa e tumultuada existência,
resultou nesta grande obra que hoje foi apresentada, aqui, pelo garimpeiro do
Cariri, o nosso amigo, Heitor Feitosa.
Tenho a impressão que o vulto da velha matriarca rondava
aqueles que na sua história se envolvia. Que o diga o nosso colaborador, João
Tavares Calixto Júnior, que incansavelmente e gentilmente fornecia documentos
relativos a essa empreitada. Do nada encontrávamos documentos que nas mãos do
escritor Dimas Macedo transformava-se em informações preciosas, fechando as lacunas
deixadas por historiadores anteriores que não alcançaram o mundo mágico da
informação. Foi assim, com Joaryvar Macedo, o pioneiro, e com Raquel de
Queiroz, a entusiasta. Eles foram os verdadeiros descobridores dos sete mares
da história caririense, e voltaram suas atenções para a história de Lavras da
Mangabeira. Raquel de Queiroz em uma frase exterioriza e eterniza sua
afirmação, quando disse: tudo começou
numa pequena e velha cidade do sul do Ceará: Lavras da Mangabeira.
Em 2009, seu bisneto Melquiades Pinto Paiva, baseado nas
pesquisas de Joaryvar Macedo escreve um livro sobre a sua bisavó, intitulado:
Dona Fideralina Augusto Lima – A Matriarca do Sertão, mas não foi ele a quem
ela escolheu para ser seu escafandrista, o revelador da sua alma, e como uma
boa estrategista que sempre foi permaneceu quieta, tranquila, inabalável,
esperando o momento certo para atacar. E, sorrateiramente coloca seu plano em
ação: atacou ao sossego de Dimas Macedo.
Foram muitos ataques, investidas, batalhas e resistência,
finalmente, o nosso poeta se rendeu e acenou à bandeira branca, ele, através da
sua caneta poderosa e certeira ressuscitou a fênix mitológica de Lavras. Agora,
ela volta a reinar como sempre reinou. Sua vida foi vivida com pólvora, sangue
e tragédia; e sua história foi escrita com a caneta, a sensibilidade e a
genialidade do seu conterrâneo maior Dimas Macedo.
Aquela que um dia desfilou nas ruas de Lavras em sua liteira
carregada por quatro fortes escravos, hoje desfila nas páginas e nas mentes dos
seus admiradores que guardarão nas suas memórias a trajetória de vida dessa
grande personalidade feminina. Mulher forte, valente e destemida que ressuscitou
dos mortos e ficará para sempre na história.
Crato, 03 de novembro de 2017.