Meu caro Dimas Macedo
O teu livro é um torpedo,
Eis um poeta sem medo
De enfrentar a solidão,
Qual o Homero da Odisseia
O teu verso é epopeia,
És zelota da Judeia
Fazendo a revolução.
Tu me deste uma “Lavoura...”
Que já não é mais caloura
Onde a Poesia estoura
Numa sublime explosão!
E eu colhi com alegria
Esta magna cantoria,
Digo que há muito eu não via
Tão poética “plantação”.
“Lavoura Úmida” de rimas,
De fantasias opimas,
Meu caro poeta Dimas,
Teu verso tem perfeição;
Enleva a tua escritura,
Que é tempestade e ternura,
Tua poesia pura
É lucidez e paixão.
Este teu cantar alado,
Majestoso e ritmado,
Do coração libertado,
É sonho, grito, ilusão...
São vagas encapeladas,
São as orações rezadas
Por gentes nordestinadas
Carregadas de emoção.
As solidões dos momentos,
Do povo pobre os lamentos,
Dos heróis os sofrimentos
Tu cantas com precisão.
E a vastidão do poema,
A imensidão do tema
Transformam teu teorema
Em divina criação.
Dimas, amigo de guerra,
O teu verso não emperra,
Tua poesia encerra
A mais profunda emoção:
É grito desesperado,
É um sorriso pejado,
Sonho peito encravado
Qual punhal de Lampião.
É Quixote, é Sancho Pança,
Os Doze Pares de França,
É tempestade é bonança,
É o mais fero furacão.
É mito, é rito, é edito,
É hino, é reza, é bendito
E é balido de cabrito
Nas quebradas do sertão.
Lusa lira de Camões,
De Vieira é “Os Sermões”,
Cantoria dos sertões
Sem perder a erudição,
Tua inspiração não falha,
É fragrância que espalha;
Teu verso é como navalha
Penetrando o coração.
No verso encontraste a meta,
Se por um lado és esteta
Por outro lado és profeta,
Das musas tens a unção.
O teu verso é mais bonito,
É riso, é lamento, é grito
Subindo pelo infinito,
Se espargindo na amplidão.
“Lavoura Úmida”, de fato,
Prova que és poeta nato,
Pois trazes no peito intacto
O delírio da ilusão.
Os frágeis versos que faço
E o perfil que agora traço
Mando-te com o meu abraço
Cheio de admiração.
(Fortaleza, 1990)
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